sábado, 17 de julho de 2010

Juventude da maçã


Os jovens sempre precisaram de algo que suprisse suas vidas infelizes e limitadas, qualquer coisa que os inspirasse e os levasse a ser pessoas diferentes. Cronologicamente falando, desde Beatles e Michael Jackson, a, infelizmente, Justin Bieber e Crepúsculo, o fanatismo tem tomado as rédeas da juventude.

O mais recente fenômeno literário e cinematográfico, a Saga Crepúsculo, de Stephanie Meyer tem levado o mundo à loucura, num alvoroço de âmbito quase assustador.

Na semana passada, a história sobre vampiros, lobos e uma menina insegura levou milhares de fãs ao cinema, e até a acampar para aguardar a Premiere do filme e dar suporte aos atores e personagens (hã?).

Os críticos de plantão (também chamados de “odiadores de modinhas”) dizem que a Stephanie Meyer mudou toda a concepção de “vampiros” ao escrever a Saga. O vampirismo herdado do antigo Egito ressalta uma criatura cruel, morta e sem sentimentos, que não se assemelha em nada com a família Cullen criada pela autora. Edward é um vampiro que brilha no sol, lê mentes e se apaixona (hã?). Um dos argumentos frequentemente utilizados (tanto por “lovers” quanto por “haters”, o que tona a situação no mínimo irônica) é: “Eu posso criar um Saci Pererê de duas pernas se eu quiser”. Sim, pode. Mas não será uma história de um Saci Pererê, porque esse personagem é caracterizado principalmente por ter uma perna só.

A autora utilizou dois universos diferentes e até então impenetráveis, no caso, o mundo dos vampiros e dos humanos. Nada mais é que uma releitura do clássico Romeu E Julieta, de Shakespeare, em que os Montecchio e os Capuleto eram inimigos, e o amor entre filhos dessas duas famílias seria praticamente impossível. O fim da trágica história conhecida mundialmente envolve o sacrifício tanto de Julieta quanto de Romeu, bem semelhante ao fim da Saga, em que Bella se torna uma vampira, abrindo mão de sua família humana para viver eternamente com o amado, assim como ele abre mão de sua vontade de mantê-la “viva” para finalmente se casarem.

O romance entre Isabella Swan e Edward Cullen representa, acima de tudo, um amor com divergências e obstáculos, temperado é claro pelo romantismo (meio afeminado) do vampirinho. Com esse clima de “felizes para sempre” o motivo da paixão dos dois é facilmente deixado de lado. Da parte dela, explicações são desnecessárias. Qualquer uma se apaixonaria por ele. Mas porque o vampiro foi se interessar por ela? Simplesmente porque, como citado no primeiro livro da Saga, ele não consegue ler a mente dela, ou seja, a cabeça misteriosa e inquieta dela (mascarada por uma certa lerdeza?) o intriga e faz com que ele se aproxime. E tem o sangue, que segundo o próprio enamorado sanguessuga, é o mais doce e cheiroso que ele já ousou sentir.

Provavelmente esse seja o motivo da saga atrair tantas meninas frustradas com amores não correspondidos. Muitas meninas (e até mulheres) que lêem ou assistem às obras suspiram nas demonstrações de afeto do branquelo gelado. Tudo bem. As mulheres são, por natureza, românticas e carentes, e ficam querendo sim ter um namorado após saírem da sala de cinema (E eu disse um namorado, e não um vampiro de verdade.)

As meninas jovens e sonhadoras querem encontrar um Edward pra elas, e estão fazendo de tudo para conseguir, inclusive se transformando na própria Bella, que por sinal é uma garota complexada, tímida, esquisita e sem expressão. A juventude ainda tem que aceitar que vampiros e lobos não existem, e se você for uma garota sem graça não vai conseguir muitas coisas além de sentimentos de pena.

Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer não passam de livros comuns, que devem ser usufruídos como meio de obter cultura e linguagem, mas que não deve ser tratado como algo espetacular, pois não passa de uma série de livros de auto-ajuda, que vão te mostrar (de uma forma muito fantasiosa) que você sempre encontrará seu príncipe encantado, seu vampiro gelado ou seu lobinho suado.

Boa sorte.

Laura França Nogueira, 18/07/10

Relendo Minha Alma.

Um apaixonado nunca esquece o primeiro contato com o amado. Nunca esquece os primeiros olhares. Ou os primeiros toques. As primeiras palavras... Na verdade, para um apaixonado é difícil esquecer cada momento, cada briga, cada reconciliação, e por mais que tente esquecer, o apaixonado também lembra do fim.
Foi na Barcelona dos anos 20 que eu cai em desgraça. Maldita hora que fui reparar num jovem da minha idade que estava sentado no balcão do café aonde entrei, e aonde todas as manhãs eu ia para ter a companhia de estranhos no café da manhã e não me sentir tão sozinha. Logo ao entrar eu vi aquela criatura branca como neve, usando roupas surrada e um par de sapatos desgastados. Bem como eu gostava... Isso se repetiu por dias a fio até que resolvi seguí-lo e descobrir seu esconderijo. E descobri. Mas só um mês depois tive a coragem e a desinibição de esperá-lo no portão de sua casa depois de sair do café. Esperei e esperei por quase 2 horas até o dono dos meus pensamentos chegar. Ele chegou. E riu pra mim, sem dizer nada. Abriu o portão enferrujado e fez sinal para que o seguisse.
A adrenalina, a curiosidade e a vontade de conhecer seus mistérios me fez obedecer. Entramos na casa e fomos para o andar de cima, numa sala similar à uma biblioteca pequena. Duas poltronas estavam diante de uma mesinha e da lareira, de costas para a porta, ele sentou, e eu, ao seu lado. Deu uma risada, me olhou e disse: "pensei que nunca viria", me acariciando no rosto. Foi nesse momento que eu percebi que nada seria clichê para nós dois. Conversamos até o anoitecer sem perceber o passar das horas, até que eu me assustei com o horário e me levantei para ir embora. Ele me segurou pelo braço e pediu que ficasse, que estava tarde e era perigoso. Deixei a vontade implacável tomar conta de mim e fiquei. Conversamos por mais algum tempo sentados no sofá até um silêncio bom ficar no ar. Encostei a cabeça em seu ombro, ele me abraçou, e assim dormimos a noite toda.
Isso se repetiu durante meses até que ficou tão estampado o sentimento recíproco de nós dois que nos entregamos aos nossos desejos mais profundos, irreveláveis até aquele momento. Foi tudo tão intenso, meu coração batia descompassado. Estavamos agora entrelaçados para a vida toda, foi consumado o nosso amor. Desde então eramos um só, tudo faziamos juntos, para ser melhor. Esse foi só o começo.

PS: esse é só o primeiro "capítulo" de um "mini-livro" que eu (Bruna) to escrevendo. Vou postando os capítulos aos poucos.

Cinco Minutos

Uma tarde de férias como outra qualquer. Marcada pelo tédio e por ficar o dia todo brincando de fazendinha no facebook, postando bobagens no twitter, e mexendo em orkuts alheios, lógico.

Enfim, me veio uma idéia. Algo que poderia colocar emoção de verdade nos meus minutos eternos de ócio. Bate-papo. O quase impossível começava a acontecer. Um cara legal ligou a conversa privada. Fomos no embalo de encontros virtuais, o assunto fluiu. Falávamos sobre ele, sobre mim, e sobre como coincidentemente morávamos na mesma cidade. Ele me adicionou no MSN. A falação continuava, ele era um fofo.

Minhas férias foram ocupadas. Completamente. Acordava cedo, quase não almoçava. Sair então, nem pensar. O Kauê tomou conta dos meus dias. Dos meus pensamentos. Da minha vida.

Depois de quase um mês, ele propôs um encontro. Parque do Ibirapuera foi o local escolhido para eu conhecer o meu novo amor.

19 de janeiro. O dia chegou. Me emperequetei tanto, que meu pai ficou preocupado. Para disfarçar, marquei um cinema de fachada com a Lu, e ela ia me dar total cobertura. Ninguém ia ficar sabendo.

Iria para o local sozinha, de ônibus. Tremendo e sorrindo para mim mesma no canto do veículo, ia olhando para a janela pensando em como eu tinha sorte. Perdida em meus pensamentos, quase me esqueci de descer no parque.

O tremor aumentou. Um frio na barriga tão forte, que parecia que eu ia vomitar. Olhei em volta. E então, eu vi a camisa amarela que ele disse que estaria usando, e me desloquei até ele. Kauê parecia mais velho do que na foto, e sua aparência não era condizente com sua idade. Mas aquilo não me importava. Ele me cumprimentou, e me levou para tomar sorvete. Enquanto caminhávamos até o carrinho dos gelados, comecei a ter um mau pressentimento. Alguma coisa gritava dentro de mim que eu deveria ter ficado em casa dormindo, curtindo o meu “a toísmo”. Meu amor por ele tinha que falar mais alto que a voz da razão (ou não) na minha cabeça. Fomos em frente.

Nos lambuzamos com o sorvete, e rolou nosso primeiro beijo. Os fogos de artifício que eu esperava não vieram. Mesmo assim, o momento foi mágico. Queria congelar aquele segundo, e olhar para ele sempre que me sentisse sozinha. Alguns minutos depois perceberia que parar aquele momento seria a melhor coisa a se fazer.

Parece que depois daquele beijo, ele se animou. As mascadas de longa data (de ambas as partes, devo admitir) deram retorno. Naquele momento pensei que ele me amava. Poderíamos ser felizes para sempre.

Ou não.

Kaká me chamou para a casa dele, que era ali perto. Ele disse que tinha umas bebidas. Não só por isso, topei. Pegamos um táxi, e quando cheguei, notei que ele morava num prédio enorme, chiquérrimo. O apartamento era organizado e de muito bom gosto. Nem parecia que ele morava sozinho.

O desespero só foi bater depois da vodca. Ele me puxou e me jogou na cama. Eu esperava que isso acontecesse, e já tinha o meu discurso pronto. Foi tudo por água abaixo quando ele pegou uma corda, e amarrou minhas mãos na cama. Kaká tirou minha blusa com violência, mas dei um chute naquele lugar quando ele veio deitar em cima de mim. Ele caiu. Desamarrei minhas mãos depressa de um jeito que não conseguiria em uma situação qualquer e eu corri em disparada procurando algo com que eu pudesse me defender.

Chorando, tremendo, desesperada, e com o cara que eu acha ser meu amor caído no chão urrando de dor, um turbilhão de pensamentos passava pela minha cabeça. Kaká é um pedófilo. Fui usada. Ele nunca me amou. Que boba eu fui. Não tem ninguém para me salvar, e eu estou sozinha na casa de um estranho.

O mar de desespero foi interrompido quando achei na última gaveta um revolver. Agarrei-o com força, mas não tinha a menor idéia de como manuseá-lo. O que pôs tudo a perder em minha vida foram aqueles cinco minutos. Kauê se levantou. Veio cambaleando em minha direção, e sussurrou no meu ouvido: “Fica calma, linda. Eu só quero me divertir...” Sem pensar duas vezes, bati o revolver na cabeça dele. Novamente, ele caiu. Dessa vez, sangrando. Peguei o meu celular e liguei para a polícia. Isso o enfureceu ainda mais. Porém, a arma continuava na minha mão empapada de suor.

Senti um braço em volta do meu pescoço, fazendo uma “gravata”. Meu cabelo estava sendo molhado do sangue que saía de sua cabeça. Ele tentou me apalpar, tirar minha calça, mas eu desviei. Fiquei cara a cara com meu possível assassino, ou minha possível vítima. Mirei o revólver no meio de sua testa. Puxei o gatilho.

De repente, calma.

Fui tomada por um alívio. Depois, culpa. E depois, talvez por causa da vodca, ou da adrenalina, tudo sumiu.

Quando acordei, já estava em casa, de banho tomado. Minha mãe estava do meu lado, e me acalmou enquanto eu chorava compulsivamente, sem nem saber que o estava fazendo.

Na semana seguinte, fui à delegacia relatar o ocorrido, e não recebi punição. Ricardo Pires, seu nome verdadeiro, já era procurado pela polícia por diversos crimes, dentre eles estupro e abuso sexual de menores.

Indo pra casa sozinha, tomada pelo pânico, olhava para todas as direções, detectando possíveis perigos. Lembrei então da semana passada, dentro do ônibus, indo encontrá-lo. Meus pensamentos frenéticos, o tremor...

Talvez eu não tenha tanta sorte assim.


Laura França Nogueira, 13/06/2010

Inauguração!

Sempre procurei um blog que falasse de coisas que me interessam, e eu realmente achei. Vários. Mas nunca encontrei um que falasse de várias coisas ao mesmo tempo, num lugar só. Nessa decepção, eis que surge a ideia de criar um blog. Isso era algo que eu sempre quis fazer, mas nunca tive muito ímpeto. Até que eu achei alguém que compartilhava esse mesmo desejo: a Bruna!
Então, depois de meses de enrolação (a gente tava estudando muito, fazer o que, né?) finalmente criamos coragem e empolgamos com isso aqui.
Vamos em frente, espero que gostem!
Beijos, Laura.